" Mentira terrível " Cap 143

Na terça a tarde, eu desembarquei em Fortaleza. Suspirei procurando pelo menos um pinguinho de coragem de dizer a Thaila que acabou. Até agora eu não achei nada digno para dizer a ela que é nosso fim. Vim direto de São Paulo e daqui vou para um show no norte do país em voo comercial, encontrarei minha equipe lá. Não consegui dormir mais que três horas durante a noite. Passei a manhã no escritório e a tarde no estúdio de Dudu. Não consegui participar de nada direito, meus pensamentos nela. Não falei com ela, ignorei suas ligações e mensagens. Minha irmã apareceu ontem pouco antes de ir dormir em meu quarto, dizendo que Thaila queria falar comigo, pediu para eu atender a droga do celular. Apenas assenti e continuei ignorando. Ela com certeza queria desabafar e dividir seus problemas comigo. Está precisando de mim. Mas é necessário me manter distante por um tempo. Lembrei do olhar de seu Humberto e de todo seu desespero. Pensei no futuro de Thaila e em como nosso namoro atrapalhou seu desempenho na faculdade. É, vai ser melhor assim. É só por um tempo. Eu vou aguentar a saudade. Eu tenho que aguentar. Pedi um uber e pedi aos céus coragem para encará-la sem fraquejar e dizer o que deve ser dito. O mínimo que eu poderia fazer era vir até aqui, falar olhando pra ela. Não poderia terminar ( temporariamente) nossa história por telefone. Logo o uber chegou e então um segurança do aeroporto velho de Fortaleza me acompanhou. Eu preferi vir em meu jatinho. O cara do uber conversou comigo animadamente durante todo o trajeto e eu tentava disfarçar todo o sofrimento. Quando chegamos em frente ao prédio que ela mora, meu coração ficou na boca. Um nervosismo enorme! Ainda não sei o que dizer. Merda. Merda!

- Obrigado, cara. - Agradeci após pagar o motorista.

- Por nada. Obrigado pelo autógrafo. Minha filha vai ficar muito feliz. - Sorri e assenti, saindo do carro. Vi o conhecido porteiro e o cumprimentei com um sorriso.

- Tudo bom? - Perguntou.

- Sim. Ela tá em casa?

- Tá. Não saiu desde que chegou da faculdade.

- Vou lá. - Dei tchau e ele assentiu. Minha entrada é liberada aqui. A cada passo que dava, sentia o ar me faltar. Pouco a pouco me sufocando, comecei a suar e tremer. Eu sempre quis somar na vida dela, se agora isso mudou, eu devo me afastar. Ela vai poder focar totalmente nos estudos. Não vai mais ter que passar os fins de semana comigo e vez ou outra faltar na sexta ou segunda. Foram raras vezes que ela fez isso, mas fez. Sem contar que várias vezes deixou de estudar em casa nas sextas pra estar comigo ainda nas noites do mesmo dia e muitas vezes acabava indo para a faculdade depois de um show meu, ou de transarmos em algum quarto de hotel. Ia direto, sem dormir. É, ela se doou demais. Eu sempre achei lindo, mas tudo que eu não queria era que ela se prejudicasse. Por minha causa. Lembrei de seu Humberto e suspirei. Ele chorou. Aquele homem chorou. Ele realmente estava desesperado. Sabe lá o que poderia fazer para me manter longe dela caso eu não concordasse. Eu o entendo. É sua filha, ele carrega os traumas de uma vida difícil. Ele tem medo que isso seja o início de uma bola de neve e que depois fique descontrolada. Eu tenho que fazer isso. O elevador abriu em seu andar e eu saí. Logo cheguei em frente a porta do seu apartamento e encostei minha testa na mesma. Chegou a hora. É só por um tempo. Toquei a campanhia e logo ela abriu a porta com Julieta ao seu lado. Um coque nos cabelos, shortinho e uma cropped.

- Amor! - Me abraçou imediatamente. - Eu tentei falar tanto com você. - Falou contra meu pescoço e eu continuei imóvel. Seu cheiro maravilhoso. É muito difícil. - O que aconteceu? - me olhou preocupada e eu a amei mais por querer saber dos meus motivos, mesmo com o seu problema atormentando sua cabeça.

- Preciso conversar com você. - Ela franziu a testa e deu espaço pra eu entrar. Acariciei Julieta que ficou toda feliz ao me ver. Thaila me seguiu tensa e então eu sentei em um dos sofás e ela ao meu lado. Olhou cada mínima parte de meu rosto, me analisando.

- E meu beijo? - deu um sorrisinho tímido e eu meu coração doeu de tanto amor. Ela é linda e eu estou a ponto de fraquejar. Fiquei em uma luta interna se devo ou não beijá-la. Não sei quanto tempo vou ficar sem tocar seus lábios, sem ter minha língua em sua boca. Não. Eu sei o que o beijo dela me causa, não posso.

- Eu realmente preciso conversar. - Ela corou envergonhada com o meu fora e assentiu, me dando toda a atenção.

- Imagino que seja algo sério. - Franziu a testa.

- É muito sério. Eu quero terminar. - falei de uma vez, sem saber como fazer direito.

- O que? - Riu fraco e eu senti o nervosismo me tomar, assim como meu coração reclamar sem parar.

- Isso que você ouviu. Eu acho que... Quero ficar solteiro. - Ela estreitou os olhos.

- Luan, pode ir me falando uma justificativa muito boa pra isso. No fim de semana nós estávamos bem! - Começou a ficar nervosa, mas ainda controlada.

- Eu... Eu acho que não é amor de verdade e... - Ela riu irônica.

- Outra justificativa. Essa não. - Merda! eu preciso ser mais convincente. - Fala de uma vez! - exigiu.

- A verdade mesmo é que eu acabei ficando com outra pessoa. - Menti da maneira mais suja. Ela ficou me olhando e eu sustentei o olhar. Pra quem detesta mentira, eu estou sendo um mentiroso terrível.

- Não. - negou com a cabeça, como quem não quer acreditar. - Você não fez isso. - Me olhou magoada e eu sei que se segura pra não chorar.

- Fiz. Não quero continuar depois do que aconteceu. Acho que nunca foi amor entre nós e... - Senti um tapa em minha cara e em seguida outro do mesmo lado. Senti minha bochecha toda arder. - Você tá maluca? - perguntei ainda controlado, mesmo sentindo uma raiva imensa. Nunca, ninguém, me deu um tapa na cara.

- Isso é pouco pro que você tá me fazendo sentir. Isso é pouco pro que fez comigo! Sem caráter, ser humano desprezível. É isso que você é. - Levantou-se. - Realmente conseguiu me enganar durante todo o tempo que... Nossa, cara! Eu fui muito burra mesmo! Desde quando? Quantas foram? - Senti meu coração se despedaçar com todas as ofensas. É só por você que tô fazendo isso. - Fala, caramba! - gritou.

- Faz um tempo ou nem tanto. - engoli seco e evitei seu olhar. Não conseguirei ser firme se continuar a olhá-la. Eu acabei de destruir seu coração e tenho real noção disso. - Desculpa. - Pedi verdadeiramente. Pela mentira, por estar terminando mesmo contra nossa vontade. Mesmo que ela não saiba. Continuei olhando para o chão.

- Não acredito nisso! - começou a andar de um lado pro outro a olhei rapidamente e vi ela passando as mãos no cabelo. O coque já se desfez. Voltei a olhar para o chão.

- Eu não quero que fique mal comigo. - Falei em um fio de voz e levantei. Ela avançou em mim tentando me dar tapas, mas eu segurei seus pulsos. Nossos olhares se encontraram e então ela chorou, desabando. Isso acabou comigo.

- Por quê você fez isso comigo? Nunca me amou de verdade. E todas as declarações? E todos os momentos? Você é um tremendo ator, cafajeste! - Eu tive que concordar com a parte do " ator". Não sei como ainda consigo me manter de pé. - Se você é mais feliz com todas as outras, fica com elas. - Suas lágrimas descem sem parar e ela não deixa meu olhar. Fechei os olhos por um momento. Nunca fui tão feliz como fui com ela. - Não quero mais nenhum tipo de relação com você. Me solta! - fiz o que pediu. - Nunca mais fale comigo. Esqueça que um dia eu fui sua palhacinha. - Senti tanto nojo de mim, minha vontade era gritar de tanto desespero. - Fora daqui! - Continuei paralisado. - Não ouviu? - gritou. - Fora daqui! Eu tô com nojo de você. Tanto nojo que se ficar aqui mais um minuto, eu vou vomitar. - Só Deus sabe como meu coração ficou após ouvir suas frases. Eu não queria ter inventado essa mentira, mas caso contrário ela não acreditaria em minhas justificativas. Minha fama de mulherengo me ajudou. Olhei todo seu rostinho novamente e desejei de todo o coração que ela se recupere logo. Que fique bem e que foque nos estudos. Que tenha um futuro brilhante. Comigo. Eu vou esperar e espero que ninguém apareça pra roubar o coração que pertence a mim. Comecei a caminhar, sentindo uma tonelada nas costas. Não, não é minha mochila. É a culpa, é o desprezo de mim mesmo e a dor. Com certeza a dor pesa mais. Não tive coragem de olhar para trás e fechei a porta, andando rapidamente até o elevador. As lágrimas já encheram meus olhos, vão transbordar a qualquer momento. Quando o elevador abriu vi várias pessoas e passei a mão nos olhos disfarçadamente me recuperando. Eu estou morrendo por dentro. Nunca nesta vida vou esquecer do seu olhar, das palavras que me disse e do quanto eu a magoei. Eu também estou magoado. Magoado por tudo ter sido assim. É temporário. Vou tentar me apegar a isso.

- Luan? - Ouvi uma voz alta e despertei de meus pensamentos.

- Oi, desculpa. - Olhei a mulher ao meu lado.

- Pode bater uma selfie comigo? - Pediu já com o celular na mão.

- Claro. - Forcei o sorriso. Me posicionei ao seu lado.

- Obrigada. - agradeceu e eu somente sorri. Tudo que eu quero é chegar em meu quarto de hotel, ficar sozinho e chorar tudo que quero chorar. Estou realmente destruído. Ainda consigo sentir seu cheiro agradável. Não sei quanto vou voltar aqui, quando vou vê-la novamente. Daqui a poucos dias é seu aniversário e eu nem ao menos vou fazer uma ligação. Não quero nem imaginar a sensação vazia de não tê-la comigo aos fins de semana, de acordar todo agarrado ao seu corpinho pequeno. Sentir seus carinhos, seus beijos. Sua voz dizendo: " Luan, para de me apertar! " " Que bebê-leão mais lindo" " Meu bebê acordou? " Respirei fundo quando o elevador abriu. Não vai ser fácil. Segui de volta para o aeroporto depois de pedir um uber e passei tão rápido na portaria que nem ao menos falei com o porteiro. Vou desabar a qualquer momento, quero estar sozinho quando isso acontecer. " Eu tô com nojo de você ". Sua frase passou por minha cabeça.

- Droga! - falei em voz alta, enquanto o motorista conversa algo sobre meus shows.

- Oi? - me olhou confuso.

- Desculpa, eu lembrei de uma coisa. - Falei passando as mãos em meu rosto. Ah, Thaila! Eu não queria isso. É por você, minha gatinha. Espero que todo o meu esforço te ajude de alguma maneira. O cara voltou a conversar e eu só assenti com a cabeça, meus pensamentos completamente nela, em nossos momentos. Fazer amor com ela era maravilhoso e eu vou ficar sem isso também. Quanto mais eu penso na falta que ela já está me fazendo, fico mais desesperado. Sei que com os dias vai piorar, eu vou sofrer mais e não vai passar.
Quando cheguei ao aeroporto, tive que atender várias pessoas. Minha cabeça uma droga, meu coração uma droga, mas eu sou Luan Santana. Eles não sabem o que se passa em minha vida pessoal.  Quando enfim embarquei, fechei os olhos. Duas senhoras bem velhinhas sentaram ao meu lado e são claramente turista, animadas com a viagem. Elas nem me deram bola e eu só sei agradecer por isso. Senti as lágrimas fazendo meus olhos arderem. Me permiti chorar. Olhei para a janela, tentando disfarçar o máximo. Eu perdi minha garota. Temporariamente, mas perdi. Espero que futuramente ela me entenda, me aceite de volta e ainda me ame da mesma forma. Agora deve está pensando que eu sou o pior canalha. Comecei a soluçar silenciosamente, ouvindo as risadas das velhinhas. Elas em estado máximo de alegria, já eu, me sentindo um nada. No pior estado de tristeza. Nunca me doeu tanto terminar um relacionamento, nunca fui obrigado a terminar. Nós estávamos tão bem, nos dávamos tão bem. Por favor, Thaila, não me esquecer. Por favor. Não. Deixa. De. Me. Amar. Por favor... Seja capaz de me perdoar por toda a dor que estou te causando. Comecei a pedir em pensamento, desejando profundamente que meus apelos chegue até ela de alguma maneira.












OIIIIIIIIII lindas! O pior aconteceu, o casal está separado. Luan destruído de um lado e Thaila destruída do outro. E essa mentira que ele inventou? A situação tá muito feia! Li a revolução que vocês quase fizeram comentando sobre o último capítulo. Recebi mensagens em meu facebook também. Eu sei que estavam querendo minha cabeça e agora então... HAHAHA Calma tá? Tô no controleee! Adorei ver leitoras fantasma comentando. Só assim heeein?! Não me matem. Eu volto logoooo! 
Comentários respondidosss!
Bjs. Jéssica.