Acordei bem cedo, quero aproveitar as horas que ainda tenho ao lado de minha família. Tomei um banho, vesti uma calça jeans boca de sino com uma camiseta coladinha preto. Coloquei uma salto, afinal ficaria uma palhaçada sem usar salto com a calça que escolhi. Desci e já encontrei todos em casa. Meu irmão tem jogo hoje novamente, mas vai ser as 20:00 horas. Não poderei ir, infelizmente. Mês que vem ocorrerá a convocação para as olimpíadas. Estamos torcendo que seu nome seja relacionado. Comi conversando animadamente com todos. Minha família geralmente fica junta no mesmo cômodo, conversando. Somos tão unidos, apesar dos meus pequenos e frequentes conflitos com meu pai.
- Vou visitar o Jefferson. - comuniquei meu primeiro compromisso do dia.
- Se eu não tivesse muito o que fazer hoje, iria com você. - Minha mãe disse.
- Manda beijo pra ele de todos nós. - Gu disse e eu assenti sorrindo. A mãe de Jefferson me liga uma vez por semana desde minha última visita. Converso com ele sempre que dá. O tratamento está quase finalizado, os médicos estão bem otimistas. Acenei para minha família e soltei beijo. Logo peguei um dos carros de Gustavo e então rapidamente cheguei ao lar que ele está. Falei um pouco com as crianças que encontrei, revi alguns voluntários e falei com a coordenadora do lar. Ela me levou até a sala com tv, onde Jefferson está assistindo com a mãe.
- Oi. - falei ao encontrá-los. Ele tirou a atenção da televisão e me olhou surpreso. Levantou depressa e correu para me abraçar.
- Tia, Thai! - Exclamou animado, com os braços em volta da minha cintura e a cabeça pousada no fim de minha barriga. Logo me agarrei.
- Senti tanta saudade, meu amor. Tanta saudade!
- Você quase não vem me ver. Tenho que me curar, só assim eu vou poder te ver mais vezes. - disse com sua inocência.
- Desculpa! Cê sabe que meu tempo é pouco e que eu moro longe. - Me justifiquei, sentindo o coração apertado. Sua mãe nos observa sorrindo, ao lado dele.
- Não é por causa disso. - Disse firme.
- Jefferson, para com isso! - Sua mãe o repreendeu.
- É por causa do namorado. Aquele Luan Santana. - Arregalei os olhos ao mais um vez me surpreender com seu jeito. Ele fala como um adulto ciumento. Ri e o abracei forte. Em nossas ligações eu falei sobre o namoro, sobre a falta de tempo, expliquei que aos fins de semana estou com Luan, geralmente.
- Eu sei que estou em falta com você. Me perdoa?
- Perdoo. - Ergui os braços para cima em comemoração.
- ÊÊÊ! - falei sorrindo e ele sorriu. Beijei sua bochecha diversas vezes.
- Tudo bem, Verônica? - Levantei e abracei sua mãe.
- Tudo. Eu estou tão ansiosa. Daqui a alguns minutos ele vai passar pelos exames finais. Vamos saber hoje se ele está curado.
- É tia. E eu vou ficar bonzinho. Você vai poder me levar aos shows do seu namorado. Assim não vai ficar longe por tanto tempo. - Ri mais uma vez. Ele é muito esperto.
- Jefferson! - Sua mãe o repreendeu mais uma vez.
- Prometo que levo. Você já está curado.
- Amém! - ele disse e fizemos um toque de mãos.
- Vou ficar com você até o resultado sair, combinado?
- Eba! - deu pulinhos animados e logo o chamei para a sala de jogos. Fizemos várias brincadeiras e eu nem percebi o tempo passar, nos juntamos com as outras crianças e foi uma farra enorme! Logo um dos voluntários apareceu para chamar quem vai precisar fazer exames. Como já sabia, Jefferson foi chamado.
- Ei. - me agachei novamente. - Vou esperar por você no parquinho tá? - Avisei.
- Tá, tia. - Sorri ao olhar seu rostinho angelical. Ele é a coisa mais fofinha do mundo! Logo todos saíram, as mães já aguardam no local dos exames. Senti a ansiedade me tomar. Tomara que tenha fim! Tomara que a cura já esteja com ele. Ele merece ter uma vida toda pela frente e eu confesso que várias vezes eu tive medo de perdê-lo. Fiquei mais um pouco com as crianças, enchendo balões e iniciei a brincadeira de deixá-los cair. Me rendeu boas risadas. Cerca de 20 minutos depois me despedi, porém Helena, uma bebezinha, quis vir comigo. A levei nos braços o tempo todo. Seu tratamento está no inicio. Seus cabelos ainda não foram afetados. Passamos pelos corredores e eu decidi olhar mesmo que através de um vidro, as crianças que estão em uma fase mais ruim. Olhei o quartinho cheio delas e meu coração despedaçou. Que a saúde volte a fazer parte de seus dias, de seu corpo. Fiz uma pequena oração em pensamento e em seguida segui para o parquinho com Helena. Ela amou meus cabelos e não para de pegar neles, me olha com uma admiração enorme.
- Vamos pro escorregador, princesa? - Sugeri e ela assentiu com um sorrisinho meigo. Creio que ela já tem uns dois anos, porém é tão pequenininha. O escorregador é bem baixinho, o que não causa perigo. Com o passar de mais alguns minutos, meu celular tocou. Atendi, após ver que é Luan.
- Bom dia, gatinha! - Sorri.
- Bom dia. Que milagre você acordar cedo.
- Eu tenho uma participação em uma rádio, depois vou para a próxima cidade. Aqui no sul ainda.
- Entendi. Tudo bem?
- Sim e com você?
- Tudo bem também. Helena! Corre devagar. - Pedi ao ver a bebezinha indo em direção ao castelo.
- Helena? - Luan perguntou curioso.
- Eu vim ver o Jefferson. Fez um show com ciúmes. - Luan riu e eu sorri. - Disse que eu não venho
ver ele por causa daquele Luan Santana.
- Eu fui o culpado? - Disse ainda divertido.
- Sim. - Ri de leve. - Disse que quando estiver curado, eu vou ter que levar ele aos seus shows. Assim não demora pra que a gente se veja.
- Que espertinho! Quando ele estiver realmente bem, leva ele em um show de São Paulo.
- Tá. Vou levar. - sorri.
- Sou maluco pra conhecer esse guri.
- Ele é lindo! Está fazendo os últimos exames pra saber se pode finalizar o tratamento.
- Que massa! - celebrou.
- É, eu tô muito ansiosa. Ele está tão confiante.
- Vai dar tudo certo, meu bem.
- Se Deus quiser. - Vi ele se aproximar com Verônica. - O ciumento apareceu aqui. Vou desligar tá? Daqui a pouco ele fica bravo porque eu não tô dando total atenção. - Luan riu e eu ri de leve também.
- Tudo bem. Te amo! Fica com Deus.
- Você também. Com Deus e nossa senhora.
- Amém.
- Eu amo você!
- Eu também. Beijo.
- Outro. - desliguei.
- Tia, só vou saber daqui a uma hora! - Jefferson disse como se fosse um absurdo.
- Calma, meu amor. Vai valer a pena essa espera. Vamos brincar! Você já conhece a Helena?
- Sim, conheço. - Sorriu e então voltamos a nos divertir. Passamos mais de uma hora nos divertindo, ele conseguiu esquecer totalmente os exames. Sua mãe se afastou sem que ele percebesse e quando voltou já foi com resultados na mão. Os olhinhos cheios de lágrimas e as mãos trêmulas. Meu Deus!
- Vamos pra sala de tv. - Falei ao ver seu estado. No mesmo instante a mãe de Helena apareceu, logo ela caminhou em direção da mãe, animada. Acenei sorrindo. - Jefferson, vem. - Chamei meu menino e ele segurou minha mãe, falando animadamente que escorregou bonito no escorregador, totalmente alheio ao estado de sua mãe.
Chegamos até a sala e sentamos no sofá. Não tem ninguém.
- Vamos ficar aqui? - franziu a testa insatisfeito.
- Sua mãe precisa dar uma notícia. - esclareci e ele logou soube do que se trata. Ela o olhou e logo as lágrimas desceram e o sorriso brotou nos lábios. Não acredito! Comecei a me emocionar imediatamente, as lágrimas nem pediram permissão para passear por minhas bochechas.
- Você conseguiu, meu amor! Cu. Ra. Do. - Disse com a voz totalmente embargada e eu caí no choro. Há quanto tempo eu espero por essa notícia? Meu coração está dando cambalhotas por todo o corpo de tanta felicidade. Os dois se abraçaram e logo ele me abraçou apertado também.
- Você me ajudou muito, tia. - Soltei um suspirou e logo em seguida um soluço. Ele é o que está emocionalmente mais controlado. Como pode?
- Você sabe que o apego dele com você, sua companhia, suas ligações ajudaram. - Verônica disse. Os médicos já haviam me falado que ele agia muito melhor depois de uma visita minha, depois de uma ligação. Eu não aguento de tanta alegria e amor transbordando por esse menino.
- Você é forte, meu pequeno. Você quis, você lutou e conseguiu. - Ele desfez o abraço e limpou carinhosamente minhas lágrimas, o mesmo fez com sua mãe em seguida.
- Amanhã ele já vai ser liberado. - Verônica disse com uma alegria quase palpável.
- Será que não podemos almoçar juntinhos hoje? - Perguntei.
- Claro, tia! - Ele respondeu de imediato e eu o abracei novamente. Amo esse menininho! De todas as instituições que contribuímos, em nenhuma eu senti ao igual por outro serzinho como sinto por esse.
- Então eu vou te encher de beijo até a hora do almoço! - Falei e já comecei a atacá-lo com beijos por todo seu rosto e sua cabeça carequinha. Ele ri alto, sem parar. Ficamos mais uns momentos juntos e então dei um pouco de privacidade para ele e sua mãe. Precisam de um momento só deles. Eu estou me controlando bastante pra não sair por todo o lar gritando e pulando que ele está curado. Peguei meu celular e liguei para minha mãe. Preciso dividir essa alegria com mais alguém.
- Oi, filha.
- Mãe, você não vai acreditar!
- Conta, menina. - disse curiosa.
- O Jefferson, ele está curado. Acredita nisso? Curado, mãe! Curado! - Passei a mão por meus cabelos, sem tirar o imenso sorriso do rosto.
- Deus é maravilhoso! Ele é fiel e misericordioso. Eu sabia! Sabia que o Jeff iria vencer. - Disse eufórica.
- Vou almoçar com eles. Aqui mesmo, afinal a liberação só será amanhã.
- Que bom, filha! Eu vou ligar para Verônica mais tarde. Quero sair com eles amanhã. Jantar em algum lugar legal. - Falou toda animada com seus planos.
- Liga mesmo! Se eu pudesse ficaria só pra ser a primeira a sair com ele daqui. - ela riu de mim.
- Vocês vão ter oportunidades.
- É, vamos sim. Eu vou voltar a ficar com ele de novo. Não quero desgrudar! - ela riu mais uma vez.
- Vai lá. Diz que eu mandei um beijo bem gostoso e restante eu digo quando eu encontrá-lo pessoalmente.
- Pode deixar. Tchau, sua gata!
- Tchau. - Ainda sorrindo voltei a ficar ao lado dele e de sua mãe. Jefferson logo quis ficar junto com outras crianças e contar a novidade aos coleguinhas. Passei a manhã toda dividindo a alegria com ele. Falei sobre sua cura com Luan, que ficou feliz pelo garoto. Que dia! Céus, que dia!
Capítulo cheio de emoçãaaaoooo! Que alegria heeein?!
2/4
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